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Carta para você #7

27 de novembro de 2021


Belo Horizonte, 27 de novembro, 10:29.


Oi, meu bem! Como você está? Eu espero e torço para que bem.


Hoje, eu acordei pensando em você e no quanto eu sinto falta das suas mensagens. Achei que, com o tempo, eu iria superar a sua ausência e o quanto eu amava a sua companhia, entretanto, acredito que a situação só esteja se tornando cada vez mais nostálgica. Reli algumas das nossas mensagens nos últimos dias enquanto tinha uma pequena pausa do meu estágio e nossa... como sinto saudade de te ver pelo menos uma vez na semana, de te ligar todos os dias, de te admirar enquanto você estava distraído, de te abraçar e de falar "oi, meu amor! você demorou para chegar...". Tentei me prender as suas características que me incomodavam, como a falta de pontualidade, mas até isso me faz muita falta. Por mais que tenhamos passado pouco tempo juntos, tenho a sensação que te conheço há anos e que fiquei esperando muito pelo momento que falaria com o maior sorriso do mundo "finalmente!".


Admito que o tempo tem confortado o meu coração, pois tenho me distraído com as minhas aulas, com as minhas amizades e com o meu estágio. Porém, nada se compara ao tempo que ficamos juntos e o quanto eu faria tudo novamente com mais intensidade. Reler as nossas mensagens é torturante, porque não consigo acreditar que acabou por tão pouca coisa. Compreendo perfeitamente o que você sente pelos seus amigos e acho a sua lealdade linda, contudo, apesar de ser assim com os meus também, não me cego para os erros que eles cometem e para as palavras que saem sem querer e machucam. Nunca tivemos uma conversa madura sobre o assunto, todavia, se é que ainda posso dizer algo, quero ressaltar que eu jamais implicaria com os seus amigos, uma vez que eles te fazem feliz. Meu coração enchia de alegria quando você me falava que uma trilha tinha sido incrível, ou que tinha se divertido muito.


A minha questão foi sempre quanto ao tempo que designávamos um para o outro que tinha se tornado escasso conforme os meses de namoro iam passando. Entendo que nem sempre fui fácil, no entanto, se você me cobrou tanto, por que estava fazendo justamente o contrário? A minha presença não era agradável tanto quanto antes? Por que você insistia em esconder o que pensava e sentia de mim? É muito complicado, porque quanto mais eu me aproximava, mais você ia na direção oposta. Não adiantava falar, você não me ouvia. Além disso, acredite se quiser, eu queria estar perto, eu queria me inserir no seu ciclo de amizades e eu queria que fôssemos um casal referência não só pela beleza externa, mas pelo o que sentíamos um pelo outro (e ainda continuo sentindo...). Porém, eu estava cansada de ficar falando as mesmas coisas sempre e tendo as mesmas respostas da sua parte. Penso que o momento que você está passando não é dos melhores, mas por que ficaríamos juntos, então, apenas nos momentos felizes? Isso, para mim, não fazia e nem faz sentido.


Cansei de falar também que eu estava ali por você independentemente de qualquer coisa, porque éramos mais do que namorados. Contudo, sua frieza no telefone em uma das nossas últimas ligações acabou matando qualquer chance que tínhamos de aproximação. As coisas ainda são muito recentes e confusas na minha cabeça e às vezes me pego pensando em desculpas que me tragam algum tipo de conforto. Compreendo que talvez o que eu tenha postado não tenha te feito bem e não só por isso me arrependo. Quando me deparei com aquilo, percebi que precisava amadurecer e que postar em redes sociais não aliviaria a minha dor. Decidi deletar e já era tarde demais, entretanto, por que só assim você decidiu me escutar e considerar tudo aquilo que eu tentava te dizer há semanas? Por que só assim você perceber que eu estava me sentindo totalmente frustrada, solitária e mal? Por que só assim você me deu visibilidade, mas ao invés de compreender, decidiu jogar tudo para o alto como se não fôssemos nada?


Cheguei em um ponto que precisei apelar para você me ouvir. Cheguei em um ponto que não me reconheci e, muito menos, as atitudes que eu estava tomando. Cheguei em um ponto que me senti sufocada, porque, por mais que eu sempre tenha te entendido, não conseguia mais ficar insistindo para ser compreendida. Por um lado, me arrependo profundamente das ofensas que soltei naqueles dias. Por outro, acredito que foi um alívio e que eu precisava colocar tudo para fora de uma outra forma antes que aquilo continuasse me consumindo. Sinto muito que tudo tenha acontecido dessa forma, entretanto, eu realmente precisa perceber que aguentar as opiniões calada não é a melhor solução. Entendo que talvez você tenha uma perspectiva diferente da minha, porém não concordo que esse deveria ser o fim, pois opiniões e conflitos sempre vão existir. Todavia, a forma como lidamos com eles e nos expressamos é o que realmente importa, afinal.


A questão nunca foi os seus amigos. A questão nunca foi um possível ciúme. A questão nunca foi a implicância que você falava que eu tinha. O ponto central é que você não me ouvia e isso me consumia, porque eu sempre estava ali de portas e ouvidos abertos para o que você quisesse me contar. Você nunca me incomodou, acredite quando digo isso. Mas, não adiantava falar sobre as minhas vulnerabilidades. Não adiantava repetir mil vezes sobre o quanto eu te amava. Não adiantava te perdoar todas as vezes e te explicar onde eu tinha ficado magoada. Você tinha o seu jeito de ver o mundo no qual eu respeitava e entendia por conta da empatia que desenvolvi nos últimos anos. Contudo, enquanto eu abria mão de muitas coisas por você, percebi que, ao invés de me inserir na sua realidade e assumir o nosso namoro como algo prioritário no qual teríamos que investir muito tempo e muita paciência, você quis andar sozinho e disputar comigo quem estava mais certo.


Não sei se você vai se arrepender por isso, ou ter orgulho do que fez, no entanto, para mim, está sendo complicado. Não consigo aceitar que desistimos por algo tão besta, tão bobo, tão tranquilo de resolver. Não é possível que esse foi o nosso fim. Não dá para engolir que a coisa mais valiosa que eu tinha na vida decidiu se entregar tão facilmente. A verdade é que dói muito pensar que todos os sentimentos que cultivei nos últimos noves meses foram em vão. Eu costumava associar o nosso amor como rosas em um lindo jardim no qual depositávamos tanto tempo, tanto espaço e tanto amor, entretanto, em uma época mais complicada, você decidiu me abandonar e partir, porque ali já não mais onde você queria ficar apesar dos meus inúmeros pedidos e discursos dizendo "amor, eu sei que tá difícil, eu entendo o que tá acontecendo, mas nós vamos superar. eu estive aqui por você, eu estou aqui por você. eu estarei o quanto for necessário. eu não quero perder você, porque eu não me canso de te amar, de ser minha melhor versão com você e de te entregar todos os meus sentimentos mais sinceros e genuínos. posso não ter muito para te dar, só que é você quem eu cansei de esperar e pode ter certeza que é por você que eu vou lutar". 


Então... será mesmo que tudo foi em vão ou só estamos separados por um tempo, porque precisamos mudar e amadurecer até Deus, o Universo, ou o que for, nos colocar no caminho um do outro novamente?


Com muito amor e muito carinho,

Emilly Emanuelle Guidi Ribeiro.


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