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Carta para você #2

15 de novembro de 2021

 



Belo Horizonte, 14 de novembro de 2021, 20:46.

Oi, meu bem! Como você está? Eu espero e torço para que bem apesar de tudo que aconteceu conosco.


Não consegui dormir novamente. Você ainda tem me feito companhia dos meus sonhos e isso faz com que eu acorde com um peso enorme no coração. Mais uma vez, escrevo uma carta em lágrimas para você, porque não consigo aceitar que esse é o nosso fim. Senti falta do seu bom dia de novo, senti falta de te ligar por vídeo e perguntar “o que você está fazendo?”, senti falta de compartilharmos o sofá para ver alguma coisa nesse final de domingo. Não saí da sala para nada, porque deitar no sofá me dá um conforto enorme e me faz acreditar que estarei mais perto de você. Não consigo entrar no meu quarto. Não consigo me olhar no espelho. Não consigo aceitar que o amor da minha vida desistiu do que tínhamos. Será que estou enlouquecendo? Porque penso em todas as possibilidades e tento arrumar qualquer desculpa que me traga conforto.

Contei sobre nós para um amigo que decidiu me ligar hoje. Repassei todos os detalhes na minha cabeça de novo. Falei em voz alta sobre nós pela primeira vez desde que você se foi. Senti um alívio e um aperto no coração ao mesmo tempo. Ele me ouviu atentamente e ao terminar, ele expressou sua opinião apesar de eu não ter gostado das palavras dele. Não sei se estou me iludindo ao reler as nossas mensagens e cultivar uma esperança de que essa fase não é o fim, mas sim um tempo. Meu amigo me disse que o seu ato pode ser interpretado como maturidade para alguns, só que, para ele, foi uma grande crueldade. Ele disse que me admira por fazer tantas coisas ao mesmo tempo e ainda separar alguns momentos para estar com você. Bom, vou ter que arrumar outra coisa para fazer enquanto você não está mais aqui.


Ele também me disse que eu não posso me culpar por ter aberto mão de tantas coisas. Querendo ou não, eu tentei fazer o máximo que eu conseguia dentro dos meus limites. Eu falava com você sobre o que sentia e queria muito que você também se abrisse comigo, porque nunca amei tanto quanto amo você. Eu queria que eu fosse o seu ponto de paz, o local que você encontraria conforto e que daria boas risadas apesar de todos os momentos ruins. Talvez eu tenha sentido ciúmes quando não estávamos perto, no entanto, acreditei que você sempre viria até mim ao final do dia. Sinto falta de tudo, sobretudo de te admirar enquanto você dirigia distraído. Tivemos tantos momentos e ainda acredito que não foram suficientes. Sabe aquele dia que fizemos nossa primeira trilha sozinhos? O dia em que você fez carinho na tela do computador? O dia em que fizemos fondue e eu adormeci no sofá? Então, eles me fazem companhia agora.


Não tenho coragem de falar pra mais ninguém, porque isso significaria que o fim é real. Também não tenho coragem para olhar as coisas do meu intercâmbio. Não tenho vontade de levantar da cama apesar de estar ficando mais fácil. Nada me faz tirar você da cabeça. Parece loucura, entretanto não quero viajar e passar tanto tempo longe de você, mesmo sendo preciso. Estou morrendo de medo, porque encarar essa fase parecia mais fácil quando eu sabia que você estaria comigo apesar da distância. Tenho medo de não conseguir me comunicar. Tenho medo de não conseguir fazer amizades. Tenho medo de serem seis meses terríveis. Tenho medo de estragar minhas roupas favoritas ao tentar lavá-las. E principalmente, tenho medo de me sentir sozinha outra vez! Quem diria? Uma pessoa que se demonstrava tão confiante está à beira de um colapso mental.


Com muito amor e muito carinho,

Emilly Emanuelle Guidi Ribeiro.


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