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O que mais eu poderia fazer?

3 de fevereiro de 2021


Belo Horizonte, 03 de fevereiro de 2021, 10:22.


É difícil começar a escrever uma carta para quem a gente gostou sem parar. Meus sentimentos sempre foram uma bagunça quando o assunto é você e até hoje me questiono o porquê. Uma hora, penso que esqueço e deixo para lá e na outra, eu me pego imaginando o que podíamos ter sido caso o nosso orgulho não tivesse existido. No início, tive receio de me abrir novamente para alguém que eu nem conhecia, porque meu coração estava totalmente quebrado e eu não tinha a quem recorrer. Os meus amigos estavam cansados de ouvir, a minha família cansada de não me ver progredir e tinham aquelas opiniões me assombravam fortemente. De repente, no meio de tanta confusão, alguém se colocou à disposição de me ouvir nem que fosse por trinta minutos. Eu não esperava jamais, porque eu não fui acostumada receber isso e, para mim, foi quase um sacrifício.


Os minutos se tornaram horas e as horas se tornaram momentos que ainda me lembro de vez em quando. Sim, menti quando disse que não me lembrava de nenhum momento bom que tivemos, sendo que eu só queria retornar para onde nos conhecemos. Eu não menti apenas sobre isso, porém escondi meus sentimentos, porque achava que eu jamais seria suficiente. Ora, você não tem como me culpar, porque você cansou de escutar tudo aquilo que eu tinha passado, até mesmo aquilo que mantive em segredo. Acho que era por isso que eu me sentia bem, contudo, eu jamais aceitaria caso eu virasse refém de mais uma ilusão amorosa.


Falar com você sempre foi confortável, porque você me lembrava de coisas que eu não queria esquecer. As minhas conversas em grupos aleatórios, as amizades que fiz com passar do tempo, os meus programas favoritos e, até mesmo, a mesma cor favorita. Azul marinho ainda é, sem soma de dúvidas, a cor mais bonita. Eu achava que sempre ficaria sozinha, porém você me fez esquecer as pessoas que me disseram o que eu deveria ser. Eu sempre sentia calada, porque não queria conversar que o meu melhor você ajudou a despertar.


Você também sempre soube que tive problemas com os meus sentimentos, sobretudo os negativos. Inclusive, vale ressaltar que foram eles que influenciaram a nossa distância, quem dera se fosse os doze quilômetros que você tanto implicou. Era como se você estivesse por perto e, ao mesmo tempo, tão longe, mas afinal qual importância isso tinha? Era você que eu queria como amigo até notar que algo a mais estava brotando aqui dentro. Foi difícil perceber que você estava conquistando espaço, por isso me escondi ao máximo para que você não percebesse a faísca que se acendia em mim.


Nos primeiros dias, acreditei que eram coisas da minha cabeça, mesmo quando alguns amigos meus diziam que eu deveria ir a um encontro seu. Eu morria de medo de te falar o quão era fácil você me encantar. O mais engraçado era que eu poderia falar qualquer merda com você, porque eu sabia que você iria me acolher e provavelmente rir de algum caso ridículo que eu tinha para compartilhar. Não tinha o porquê filtros usar, você estava ali pronto para me zoar. Entretanto, você nunca soube se “espressar” ou argumentar o motivo pelo qual Plutão não era mais considerado um planeta.


Durante vários instantes, eu queria congelar aqueles momentos e jamais perder tempo com assuntos bestas. Eu queria ir mais fundo, porque eu sabia que estaríamos longe do fim do mundo caso eu me abrisse com você. Aos poucos, foi acontecendo e eu fui percebendo que era com você que eu queria estar. Não apenas pela amizade. Não apenas pela companhia. Você representava muito mais do que sabia e cá entre nós, isso era sobrenatural.


Cheesecake, nunca quis provar até você me falar que era sua sobremesa favorita. Guarda inúmeros detalhes, mas não guardei porque eu gostava de você. Eu guardei todos eles, porque era assim que eu me sentia próxima até mesmo quando a distância era maior. Tentei aprender vários jogos por conta de você, independente do desastre que poderia acontecer entre mim e um computador. Não sou muito boa jogando, você sabe disso e sabe que eu vivo acompanhando a maior partes dos campeonatos gamers. Uma vez compartilhei com você que eu gostava de ver, porque nunca tiveram paciência, que você tinha, para me ensinar. Os meus gritos você cansou de escutar, da minha cara você cansou de debochar e do meu baixíssimo progresso você ria sem parar.


Assim como eu, o sarcasmo é uma característica muito marcante sua e por mais que você o usasse diversas vezes para me machucar, ele ainda era uma característica sua que eu iria memorizar. Era uma das coisas que eu mais gostava em você, até perceber que o alvo era eu em alguns momentos. O problema é que você sempre teve muitas qualidades e eu sempre tive dificuldade de expressar e colocar pra fora o que eu achava delas. Não é que eu não saiba elogiar, é que você sabe que tem coisas nas quais eu não sei lidar. Sentimentos são os principais e eu me pergunto se eu não deveria ter deixado eles em paz. Tudo isso uma bagunça virou depois que o meu coração quebrou.


Tem hora que eu me pergunto se não deveria ter falado mais cedo, contudo você sabia quais eram os meus medos. Era uma confusão que eu estava sentindo e eu só fui entender quando a ficha veio a cair. Tem hora que também agradeço por ter falado naquele momento, foi até melhor deixar tudo que veio antes cair no esquecimento primeiro para depois poder entender com mais clareza o que eu cultivei dentro de mim graças a você. Não me arrependo de ter contado, entretanto ainda acho que tudo foi pelo ralo.


Meu maior medo era estragar tudo que tínhamos, mas acho que fizemos isso, não é mesmo? As conversas foram diminuindo, os assuntos não continuavam fluindo e eu senti um aperto enorme no peito toda vez que pegava no celular. Seria real? Seria uma paranoia? Seria culpa minha? Eu me torturava intensamente antes de todas as brigarem começarem e eu não ter uma outra opção a não ser ir embora. No fundo, eu queria que você falasse que não iria deixar isso acontecer, mas você não queria mais se envolver e nem insistir no que tínhamos cultivado. “Eu segui em frente”, foi tudo o que você disse. Mas, e a gente? Foi tão fácil de esquecer assim? Aquilo doeu.


Hoje, não sei se dá para arrumar tudo aquilo que fizemos desmoronar. Às vezes eu choro pensando o que poderia ter feito, questiono meus defeitos e espero poder achar alguma solução. Apesar de querer correr atrás e perguntar “por que a gente não tenta de novo?”, meu amor próprio tem seu lugar. Eu não posso fazer isso sozinha e você já parou de se importar, sete dias ou mais é o que você demora para visualizar todas as mensagens que deixo para você. Então, como meu coração iria parar de doer? Eu tive que te afastar e não há como explicar o porquê com você eu não queria mais estar.


Fiz demais, eu gostei demais e tentei me entregar demais até notar que você não queria mais ficar. Questionei até mesmo os céus, o universo e a Terra se era eu ou você. O que mais eu poderia dizer? O que mais eu poderia fazer? A verdade é que eu não queria aceitar que eu sempre fui demais para você. Era eu que merecia mais, muito mais. Eu não podia implorar migalhas para sempre, sendo que eu nasci para voar e o mundo explorar. Nada poderia se limitar a você e os sentimentos precisavam morrer. Quando eu parava pra pensar que você era o primeiro que eu queria ligar, um aperto tomava conta de mim, porém o que eu podia fazer a não ser aceitar o fim?


Com muito amor e muito carinho,

Emilly Emanuelle Guidi Ribeiro.

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