A carta que não te enviei na última primavera.

Olá, você aí do outro lado.

Eu não sei como você veio parar aqui e nem consigo pensar em um bom motivo para você estar aqui lendo esta carta. Você tem certeza que não tem algo melhor para fazer? Já colocou toda a matéria em dia? E o serviço? Já limpou a casa? Arrumou a mochila para ir à aula amanhã? Organizou a agenda da próxima semana? Ok, se você chegou até aqui... você provavelmente quer ler minha carta mesmo, não é? Olha, mas eu tenho um segredo para te contar... se você não é o amor da minha vida (se é que ele existe), esta carta não é para você.

Essa estação tem sido tão difícil...

De novo.

Eu perdi a conta de quantas decepções amorosas eu tive em todos esses anos. Mais uma? Sim, porém eu não consigo me acostumar com isso acontecendo de novo, de novo e de novo. Acho que estou fadada a ter apenas algumas semanas de felicidade antes de meses de solidão, choros e tristezas chegarem. Comecei a acreditar em destino após a minha quinta decepção e não larguei essa ideia até hoje.

A decisão foi sua, não minha.

Esse é mais um texto que dedico a você.

Oi, amor.

Opa, eu não posso mais te chamar assim, porque você deixou bem claro que não queria saber mais de mim e que já não sentia mais nada. Não quero te chamar de ex amor, porque independente do que aconteceu, os momentos que passamos juntos estão aqui em algum lugar dentro do meu coração. Então... acho que te chamarei de Astorius. De acordo com um site que consultei, existe uma relação do seu nome com uma família romana considerada obscura. O significado do seu nome é "pedra" ou "grande urso", mas sinceramente? Gostei mais do nome Astorius.

Sabe por quê?

Uma facada no coração. É isso que eu sinto desde que toquei no seu nome no último sábado à noite. Óbvio que eu já sei que te perdi e que mexer ali não tem mais jeito, mas por que eu ainda me pego pensando e falando em você? Antigamente ninguém sabia de nós, nós éramos só nós e de mais ninguém, agora? Difícil saber quem não sabe quem é o famoso garoto que conseguiu mexer comigo e com o meu coração.

Cara eu do futuro.

Dedico esse texto a todos os meus verdadeiros amigos que me ajudaram e ajudam a passar por situações desagradáveis na minha vida e a todas as pessoas que me apoiam e estão do meu lado sempre que eu preciso. Vocês são incríveis e eu sou eternamente grata! Muito obrigada por nunca me deixarem desistir e por não terem desistido de mim! E claro... é dedicado especialmente a mim que é a única que sabe todos os perrengues que eu já passei e passo nessa vida! ♡

Cara eu do futuro,

Como você está? Eu espero que bem.

O que vou lhe dizer nessa carta vai ser doloroso e difícil de aceitar, no entanto estou mergulhando fundo no resto de saúde mental que ainda me resta para poder escrever uma carta que você leia no futuro e pense o quão forte e incrível você é. Você já suportou, e suporta todos os dias, coisas demais nessa vida para os dezoito anos que carrega nas costas até o exato momento. Você já se culpou demais por problemas que não são seus e pela infelicidade alheia. Você já se importou excessivamente com o que as pessoas achavam, acham ou irão achar de você. Você já segurou demais o mundo dos outros enquanto o seu desabava e ninguém lhe oferecia uma mão amiga. Você já ouviu as pessoas dizendo mentiras com o seu nome e não teve a chance de ser ouvida para ser compreendida. Você já se auto sabotou demais por causa dos seus pensamentos negativos. Você já teve muitos dedos apontando para sua cara quando o problema não era você. Você já foi considerada o problema e o desequilíbrio. Agora você me pergunta o porquê todas essas frases começam com o sujeito "você", mais o advérbio de tempo "já" e mais os verbos conjugados no pretérito perfeito do indicativo. Todas elas começaram assim, porque você vai mudar a partir de hoje e provavelmente quando estiver lendo essa carta, vai ter mudado muito. Eu acredito em você.

Mais um novo capítulo.

Uma hora ou outra, eu teria que falar sobre isso, então já vou colocar para fora antes que isso remoa dentro de mim.

Olá, você do outro lado da tela.

Como você está? Eu espero que bem.

Já faz um tempo, não é?

Já faz um tempo, não é?

Já faz um tempo que me sentei no sofá para escrever sobre o amor. Amor? Não sei se poderia designar um nome tão mágico e significativo para o que vivi nos últimos meses. Eu diria que entreguei todos os meus sentimentos a uma pessoa que só os usou para preencher o próprio ego. Um ego tão frágil... acredito que esse ego combina com o caráter tão podre da mesma.