Belo Horizonte, 24 de novembro, 20:14.
Oi, meu bem! Como você está? Eu espero e torço para que bem.
Sei que faz alguns dias que não te escrevo. Sei que faz alguns dias que evito olhar seu perfil. Sei que faz alguns dias que você também evita saber de mim. Ainda não consigo acreditar que faz doze dias que terminamos e que esses dias passaram mais rápido do que aqueles nos quais eu estava ao seu lado. Escrever para você estava sendo um conforto, porque eu ainda não conseguia falar sobre a situação. No entanto, me toquei que não chorava mais ao falar sobre quando me peguei desabafando com uma amiga há dois dias atrás. Tenho tentado manter minha cabeça ocupada, porém minhas lembranças insistem em estar presentes quando esbarro com algo que me lembra você. Anteontem, foi a pulseira que você me deu. Ontem, foi o jogo do seu time de futebol. Hoje, foi quando li a palavra "software" enquanto trabalhava. Por um lado, tem sido difícil aceitar que acabou, mas por outro, tenho tentado me conformar um pouco mais a cada dia.
Adivinhe só? As lágrimas voltaram enquanto eu digitava essa frase. Apesar do tempo estar sendo muito bom para mim, me sinto totalmente frustrada com o fato de não saber se vou para longe daqui trinta e um dias. Queria muito desabafar com você. Queria contar sobre como os últimos dias têm sido incríveis e aterrorizantes ao mesmo tempo. Queria ouvir você falando como andam as coisas por aí. Inclusive, quase peguei o telefone para ligar na última segunda-feira, entretanto passei a ter medo de qual seria a sua reação caso eu fizesse isso. Ainda estou assustada com os seus gritos, ainda me sinto mal com a forma como andei me comportando nos últimos meses, ainda me sinto agonizada com certos sentimentos. Grande parte dos meus amigos me diz que eu deveria ter a consciência tranquila, porque eu tentei te dar o mundo e mais um pouco. A outra pequena parte não se conforma com a maneira na qual você me tratou e insiste em dizer que eu deveria simplesmente esquecer que você passou pela minha vida.
A minha cabeça ainda está uma bagunça. Ao mesmo tempo que eu entendo todos os seus motivos, eu também entendo todos os sentimentos que senti em vários momentos. Não sou de falar sobre as minhas vulnerabilidades, sobre aquilo que me incomoda e sobre o que eu gosto de sentir ou não. Porém, eu te falava tudo e mais um pouco. Eu me expressava, eu tentava dialogar, mas isso só foi me afastando mais e mais de você. Compreendo quando você fala sobre as suas dificuldades, só que por que você insistia na ideia de que me incomodava? Sempre amei ouvir você falar sobre qualquer assunto que fosse. Sempre amei os assuntos aleatórios que você tinha. Sempre amei saber um pouco mais sobre você a cada dia. Acredito que a minha maior frustação de setembro para cá foi justamente saber que você já não se importava mais em compartilhar os seus dias comigo, no entanto, compartilhava com facilidade com os seus amigos. Poxa, o que eu era para você então? Só uma garota passageira? Só um rolo com prazo de validade? Isso doeu.
Já te contei isso um milhão de vezes e repito que nunca impliquei com seus amigos. Eu tinha vontade de conhecê-los melhor, contudo, eu me sentia uma estranha ali. Era como se eu assistisse aqueles momentos dos bastidores ao invés de estar protagonizando tudo aquilo ao seu lado. Mesmo que meu maior sonho tenha sido ser diretora de fotografia de séries, eu estava cansada de estar por trás de tudo. Inúmeros momentos são aqueles que eu tenho gravado na minha memória. Capturei você distraído em vários encontros. Observei você encantado por algo em diversos espaços. Namorei você escondido como se fosse platônico em certas ocasiões. Nunca deixei de sentir completamente apaixonada por você. Reli algumas das nossas conversas antigas outro dia e a dor no meu coração nunca foi tão forte. Onde estavam todos aqueles detalhes que fazíamos questões de destacar? Onde estavam todos aqueles sentimentos puros que sentíamos um pelo outro? Onde estavam aquelas duas pessoas encantadas uma pela outra achando que poderiam vencer tudo? Pois é, não sei como tudo isso desapareceu.
Enfrentei meu passado por você ao enviar uma mensagem para uma pessoa que eu jamais imaginei que voltaria a ver. Apesar de você não ter sido o primeiro no qual me envolvi, você é e sempre será o primeiro pelo qual eu me apaixonei verdadeiramente. Contei para você inúmeras vezes que os que vieram antes nunca me importaram e eu era totalmente verdadeira quando falava isso. Não sei quais eram as suas vontades até porque você nunca falava comigo, entretanto eu queria ficar com você (e ainda quero) independentemente de qualquer coisa. Mesmo que durante o nosso relacionamento, eu tenha me deparado com vários gatilhos e tenha percebido que precisava enfrentá-los, aquilo me mostrou a força que eu carregava e não sabia disso. Claro que não foi fácil, porém eu precisava me livrar de certos receios e de inúmeras inseguranças. Ainda há tanto o que te contar, porque são tantos assuntos nos quais quero compartilhar.
Confesso que pensei em esquecer, contudo, sempre foi e sempre será você. As coisas do meu intercâmbio estão me enlouquecendo e se não der certo, tenho medo de ter aberto mão de muitas coisas em vão. Nunca entendi muito bem o porquê ele era um obstáculo para você apesar de todas as perguntas que lhe fiz. Não compreendi todos os seus sentimentos mesmo sempre querendo saber o que você estava sentindo. Eu me importava e continuo me importando, meu bem. Sei que peguei pesado nas nossas últimas conversas, porém eu estava cansada de me sentir largada, sozinha e abandonada. Cansei de falar, falar e falar e você nunca se colocar no meu lugar. O nosso relacionamento não me machucava, pelo contrário. Nossos momentos eram maravilhosos e mesmo que a gente não volte a se esbarrar novamente daqui um tempo, irei guardá-los com muito carinho. Não sei se sou capaz de me apaixonar novamente, mas sei que sou incapaz de deixar de amar você.
Entretanto, se formos para voltarmos a estar na vida um do outro, quero ser ouvida e compreendida. Quero que você mergulhe de cabeça em tudo que construirmos assim como eu fiz. Quero que você enxergue todas as Emillys que habitam em mim. Quero que você descubra como é ser amado. Quero que você sinta o que é ter alguém aqui por você. Quero que você aprenda a entender que nem todo mundo é igual a você. Tenho muitos desejos além desses, todavia, por enquanto, eu quero deixar o tempo agir, porque vejo que precisamos amadurecer. Já enxerguei muita coisa desde o nosso término e tenho tentado mudar, mas ainda acredito que tenha muita coisa a ser feita por aqui. Quero te contar tudo algum dia caso você esteja disposto ouvir. Mas, por ora, quero acreditar que: se for para ser, será.
(contudo, não vou deixar de torcer para que Deus e o Universo insistam em nos fazer juntos estar).
Com muito carinho e muito amor,
Emilly Emanuelle Guidi Ribeiro
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