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A perda.

30 de novembro de 2015
Olhos cheios de lágrimas. Um coração parado. Uma alma destruída. Outra alma indo de encontro ao céu. Dois rostos sem vida. A única diferença é que dois olhos estavam abertos e vermelhos e dois estavam fechados, mas os dois corpos estavam mortos.
A dor não poderia ser medida por ninguém. Os sentimentos de ódio, incapacidade e tristeza eram evidentes na cena. Mesmo sabendo, que na vida, todos são substituídos, ela sabia que ninguém o substituiria. É exagero dizer que o mundo todo já a tinha decepcionado, porém noventa por cento das pessoas, que ela conhecia, sim. 
Talvez ela estivesse sozinha. Ela ainda não sabia. Ela não era mais capaz de pensar em nada. Seu rosto estava pálido. Seus olhos estavam inchados de tanto chorar. Os seus braços estavam arranhados. As suas pernas já não tinham mais firmeza para ficarem em pé. O seu coração batia fraco. Cada vez mais fraco. 
Ela não tinha ninguém. Ela não queria ter ninguém. A única pessoa que se importava com ela tinha partido. Ela se perguntou por que não era importante para outras pessoas. Ela chorou. Ela só queria ser especial para alguém. Ela só queria ter alguém para estar ao seu lado. Ela só queria alguém, que mesmo quando ela não merecesse, estivesse ali independente de tudo. Ela queria ele de volta. 
Ela decidiu sumir dali. Olhou para a porta e simplesmente correu. Correu o máximo que suas pernas aguentavam até cair com tudo no chão. Os joelhos sangravam. A testa também. As mãos estavam machucadas. Só que ela não se importava. A dor nunca foi um problema para ela. Até agora. 
Num piscar de olhos, ela estava sentada numa sala com iluminação precária. Vestia roupas brancas com manchas vermelhas. O cabelo estava bagunçado. Os ferimentos não existiam mais. Havia um espelho em sua frente. Ela a encarou. Percebeu cicatrizes. Abaixo das manchas vermelhas haviam cicatrizes. Ela tocou na cicatriz presente no pescoço e logo ouviu: "Essa foi a primeira". Assustada. Ela olhou para o espelho e viu que ela mesma estava falando. 
O espelho tinha vida. A imagem refletida tinha vida. "Cada cicatriz presente do nosso corpo é uma marca de tudo que passamos", disse a imagem no espelho. "Eu quero morrer", ela gritou com a imagem. "Querer não vai te matar. Eu sou forte. Você é forte. Te trouxe até aqui para mostrar que não passamos só por coisas ruins", a imagem disse com calma. "Eu não quero saber o que passei ou o que deixei de passar, eu desejo a morte. Eu desejo fechar os meus olhos e nunca mais abri-los", ela disse com lágrimas nos olhos. "Pare de ser egoísta. Estou aqui para te mostrar a diferença que você causou ou causa na vida das pessoas", a imagem disse. Não sabendo se era loucura ou simplesmente um sonho, ela chorou. "Não chore. Você não é nenhum tipo de monstro. Apenas precisa ser guiada novamente para o caminho certo. Você não está sozinha", a imagem disse. A imagem dizia a verdade. Ela não estava sozinha, porém não sabia disso. "Venha, eu vou te mostrar", a imagem saiu do espelho e segurou a mão dela. Juntas, elas viajaram no tempo. 
Emilly Guidi.

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