Olhos castanhos.

De longe, é perceptível sua expressão cansada. Ela segura as lágrimas, porque, na cabeça dela, isso a torna mais forte. Ela olha fixamente para algum lugar, que não sei dizer ao certo qual, com o mesmo olhar sério de sempre. Não, ela não está encarando ninguém ou olhando torto, está apenas pensando. Provavelmente seu pensamento está direcionado para as provas que ela acabou de realizar. Sua respiração está normal aparentemente. Ela enche os pulmões devagar e solta o ar aos poucos, como se não quisesse perdê-lo.

A cabeça dela está a mil. É escola, é família, é o vestibular chegando, são os amigos, é o sentimento de inferioridade, que a acompanha desde o seu nascimento. Não, ela não é nem um pouco burra. Na verdade, é inteligente em excesso. Sua beleza? Nem se compara a qualquer outra. Mas colocar isso na cabeça dela é o maior desafio que já vi alguém enfrentar na vida. Não adianta você elogiar o cabelo dela, o sorriso, as covinhas, que aparecem quando ela solta aquele riso sem graça, a forma como ela transforma tudo em alegria e muito menos, a sua inteligência. Ela nunca acredita.
Observo esta garota já tem um tempo e jamais a vi expressar seu talento, suas opiniões, ou melhor dizendo, expressando quem ela é. Queria mergulhar dentro desse mistério que ela carrega, provavelmente esse é o seu maior charme. Ela não é grossa, não é fria, não é nariz em pé e nem debochada. Por mais que ela demostre isso, eu já notei que ela usa uma máscara. É sua autodefesa, não a julgo. Eu a entendo, eu também sou assim.
Eu daria tudo para ter quinze minutos de conversa com essa garota! Os olhos castanhos dela... Nossa! Eles podiam trombar com os meus a qualquer dia. Eles expressam tudo. É como se eles falassem por ela, pela alma dela. Ela pode se esconder atrás de quantas máscaras ela quiser, mas eu sempre a enxergarei como a menina dos olhos castanhos. 
Uma vez vi uma publicação dela em alguma de suas redes sociais, ela dizia que queria que alguém a olhasse com um olhar diferente, com o mesmo olhar que ela tem para as coisas. Um olhar colorido, cheio de vida, que enxergasse muito mais que o físico. Talvez eu seja esse olhar. Não sei como, mas eu consigo saber tudo sobre ela através dos seus olhos castanhos. É como se eu a conhecesse a anos...
Não é amor, eu acho. Nunca conversei com ela, porém os seus amigos dizem que ela é encantadora e eu percebo por causa das minhas observações. Ela pode ser meio escandalosa, só que o jeito que ela conta as coisas é único, é engraçado, é dela. Esse jeito é o que cativa todo mundo que tem vontade de conhecê-la de verdade. Não são só os olhos castanhos, há muito por detrás deles e como eu quero explorar isso, por mais desconhecido que seja. 

Baseado em: histórias de amor que eu ouço por aí ♡

Emilly Guidi.