Respostando: É hora de uma nova aventura.

Eram exatamente dezoito horas. Abaixei o braço no qual se encontra o meu relógio que acabei de olhar as horas. Olho para o lado e vejo tanta gente diferente. Fico imaginando a história que cada uma dessas pessoas viveu. A partir do momento que eu entrar naquele avião, tudo vai mudar. Eu vou ficar um ano fora. 

Mexo na mochila para pegar minha passagem e de repente, ela surge. A carta dele, foi onde todas aquelas lembranças que eu tentei esquecer nos últimos dias, voltaram. Uma semana antes, tivemos um baile, mas não qualquer baile, foi O baile mais marcante da minha vida. Naquela noite, ele me chamou para dançar, eu aceitei e foi então que ele começou a falar todas as suas promessas. 
Enquanto dançávamos, ele me prometeu o mundo, mas logo depois disse que não poderia me dá-lo todo. Disse que em daria o que fosse capaz para me ver sorrir. Prometeu também que sempre enxugaria minhas lágrimas quando eu chorasse e dizer "hey girl, I'm here". Foi onde eu ri de leve, aquela risada sem graça que ele já conhecia. Normalmente ela surgia quando eu não tinha o que falar. 
Ele encostou a cabeça na minha e ficamos assim por alguns segundos até que ele decidiu pegar a minha mão e entrelaçar na dele. Logo depois segurou no meu queixo com a outra mão e direcionou sua boca para a minha. Nos beijamos e ali ficamos durantes alguns minutos. Não foi o nosso melhor beijo, porém foi o mais apaixonado.
Aquele dia foi mágico... Parecia um conto de fadas até que tudo decidiu conspirar contra nós. Eu não tinha contado para ele que partiria. Sim, ele sabia do intercâmbio. Só que, até dois meses atrás, eu tinha desistido de tudo e era só até aí que ele sabia. Repensei na ideia do intercâmbio e me pareceu incrível conhecer um lugar diferente, ir para um país diferente, conhecer pessoas diferentes. Não que eu fosse me esquecer dele. Decidi que iria.
No dia seguinte ao baile, eu decidi contar tudo. Não foi a melhor decisão que eu tomei na minha vida. Ele surtou. Disse tantas coisas... Disse que não poderíamos mais continuar desenvolvendo esse sentimento. Jogou coisas na minha cara. Ele queria chorar, a dor era evidente em seus olhos. Então, resolvi partir e ele nem sequer tentou me impedir. Assim que sai, ele só disse que quem deveria sentir a dor de todo esse amor, era eu e havia lágrimas em seu rosto.
Eu chorei. Eu gritei. Eu surtei. Eu ouvi músicas. Eu escrevi... E assim como ele não queria saber de mim, eu também não queria saber dele.
O grande dia chegou e ele decidiu dizer um "alô" vindo até o aeroporto e me entregando essa maldita carta que estou com vontade de rasgar e jogar bem longe. Eu sei que ele falou que se eu ainda o amasse, era para lê-la quando estivesse bem longe. Eu ainda via a dor em seus olhos castanhos.

Eu não esperava que ele apenas apertasse a minha mão, dissesse "boa sorte" e virasse as costas para ir embora. E tudo aquilo que vivemos não valeu de nada? Todos os momentos? Então vai me dizer que ele apagou tudo da memória de um dia para o outro? Eu posso até merecer as cicatrizes desse amor, posso ter que sofrer horrores, posso merecer um soco no meio da cara, mas eu ainda mereço o amor dele e ele sabe disso.

Eu não irei abrir essa carta. Irei deixá-la guardada. Quem sabe, eu leia na volta. Isso é um grande mistério que nem eu mesma quero desvendar. 

Eu vou entrar naquele avião. Ir para o Canadá. Esquecerei de tudo pelos próximos doze meses. E quando eu voltar, lidarei com as consequências. Talvez eu o perca. Talvez nos voltemos. Talvez tudo seja apenas mais uma fase das nossas vidas. Talvez eu conheça uma pessoa nova e ele também. Nossa história, a partir daqui, fica na incerteza. Entrego tudo ao tempo e as suas respostas. 

– Atenção senhores passageiros...

Está na hora. Hora de deixar tudo isso para trás. E então lá vou eu... Vou embarcar em uma aventura. Mais uma vez.

Baseado em: Stitches, Shawn Mendes.

Emilly Guidi.