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Quarenta dias.

23 de dezembro de 2021


Suspiros atrás de suspiros. Lágrimas atrás de lágrimas. Confusão atrás de confusão. É assim que tenho me sentido no último mês. É assim que tenho estado nas últimas semanas. É assim que ando vivendo nos últimos quarentas dias. Ao mesmo tempo que sinto falta de você, penso que talvez a nossa separação tenha sido algo que eu precisava, não porque eu não te amo, mas porque era preciso que eu começasse a entender muita coisa.


O meu final de semana foi ótimo. Eu me diverti. Eu distrai a minha cabeça. Eu voltei a sorrir. Fazia tempos que eu não me lembrava de como era bom estar cercada de boas companhias, de como era receber um choque de realidade, de como era se sentir amada e acolhida. Tenho voltado aos velhos hábitos aos poucos. Tenho dado um passo de cada vez. Tenho tentado ocupar a minha mente para que ela não me leve a você como acontece quando me pego distraída.


Claro que ainda é difícil aceitar, porém eu cansei de implorar e de especular que horas você iria voltar. Ainda sinto falta das suas mensagens e da sua presença, só que quanto mais eu me forço a lembrar, mais complicado fica de superar. Por mais que tenha relido as nossas últimas conversas, não faz mais sentido ficar remoendo tudo isso. As nossas divergências aconteceram e pronto. Eu tentei te entender e te ouvir, todavia, você não estava aberto da mesma forma.


O desgaste foi tomando conta assim como os dias foram passando. Eu sentia falta dos meus amigos e você não queria estar mais comigo. Eu sentia falta de visitar os lugares que eu amo e você não queria me acompanhar. Eu sentia falta de voar e você não queria sair do lugar. Apesar de te olhar com muito amor, eu só conseguia sentir uma imensa dor. Era como se eu não fosse mais eu, porque todo o meu brilho andava sumindo. Todo o meu entusiasmo tinha acabado. Todo o meu choro tinha sido derramado. 


Não era assim que deveríamos nos sentir, no entanto, você insistia na ideia de partir. Nossos momentos eram únicos, entretanto, o pânico dentro de mim foi se tornando profundo. Então, você pediu o nosso fim e eu não soube como reagir. Os dias foram passando e uma culpa tomou conta de mim. Eu não levantava do sofá. Eu não comia os almoços que minha mãe fazia. Eu não abria as cortinas, porque não queria ver a luz do dia. Nunca tamanho sentimento tomou conta de mim deste jeito. Tempos atrás, pensei ter me apaixonado de verdade, porém quem era ele perto de você? 


Minha vida praticamente virou de cabeça para baixo nos últimos quarenta dias e tudo que eu mais queria era saber como você está apesar que, no fundo, eu sei que a resposta pode me machucar. Vi minhas séries favoritas enquanto tentava me distrair, li meus livros de romance enquanto imaginava o que seria de mim daqui pouco tempo e escrevi sobre a nossa história de amor para ter na lembrança que você não foi qualquer garoto. As lágrimas ainda insistem em cair e os problemas continuam a aparecer e por isso, estou tirando forças de lugares que eu nem sabia que existiam até pouco tempo para poder enfrentar.


Meus pais voltaram a brigar. Minha irmã voltou a se isolar. Meus amigos continuam vivendo. E, minhas memórias com você continuam desaparecendo. Entendo perfeitamente todos os conselhos que me dão, mas a verdade é que eu só queria estar segurando a sua mão ou com você em alguma ligação. Toda vez que toco no seu nome, um mix de tristeza e felicidade me dominam. Sinto felicidade pelos momentos que cultivamos juntos, todavia, logo depois sinto uma tristeza profunda por imaginar que nunca mais vamos fazer com que novos aconteçam. Juntos.


É assustador pensar que aos poucos vamos deixando de sentir algo um pelo outro. Mesmo que eu não queira mais te escrever, todos os meus assuntos ainda giram em torno de você. Você ainda é a minha primeira opção para tudo, contudo, talvez seja só medo da solidão. Quando trata-se de você, meu cérebro e meu coração continuam insistindo em fazer uma confusão. Uma loucura até então, uma vez que eu consigo sentir toda a luta acontecendo e todos os questionamento surgindo, visando, assim, uma solução.


Por fim, sei que, para você, quarenta dias não serviriam de nada e que estaríamos adiantando tudo o que passamos. Sei que te saturei e sei que errei em múltiplas situações, mas ainda sinto que teríamos conseguido caso você tivesse tido disposição para tentar. A nossa vida não é fácil e por mais que a gente não queira enxergar, nós temos muitas coisas para trabalhar. Claro que ainda quero estar contigo e que tenho lidado de uma forma diferente.


Ao mesmo tempo que me sinto totalmente recuperada, algo me lembra do que aconteceu e eu volto para o fundo do poço como nos primeiros dias sem você. Inclusive, nos últimos quarenta dias, eu fui do céu ao inferno. Eu mudei o meu visual e retomei as tentativas de me conectar comigo mesma. Eu trabalhei sem parar e joguei sem nem piscar. Eu voltei a escrever e não parei de ler inúmeras histórias. Eu cantei músicas de amor (inclusive a nossa) e dancei todas as músicas que falavam sobre superação. Eu vi as rosas nascendo nos jardins alheios e fotografei cada pequena mudança. Eu peitei meus gatilhos e os transformei em coisas insignificantes. Eu conversei, falei e ouvi muitas pessoas que esbarrei por aí. Tudo girou em torno do fato de que eu busquei acordar todo dia e ser melhor no que estava ao meu alcance, mesmo que a diferença tenha sido mínima até.


Muita coisa aconteceu. Muita coisa na qual eu queria te contar. Muita coisa que eu ainda tento assimilar. No entanto, depois de tudo, eu pergunto a você: quarenta dias não seriam suficientes ou fomos nós que decidimos escolher desistir um do outro no primeiro grande desafio que surgiu porque era mais fácil de aceitar assim?


Escrito por: Emilly Guidi.

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