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Carta para você #10

4 de dezembro de 2021



Belo Horizonte, 04 de dezembro de 2021, 19:55.


Oi, você. Como estão as coisas aí do outro lado? Eu espero e torço para que estejam bem.


Não sei por qual motivo insisto em escrever estas cartas para você, porque foi difícil me tocar que você talvez nunca tenha tido a intenção de ficar. Os meus pensamentos ainda estão instáveis, pois uma hora eles vão até você e dois minutos depois, eu acordo do meu devaneio e noto que tenho coisas melhores para fazer do que remoer a sua partida. Inclusive, lembrei que completaríamos oito meses juntos hoje. Olha, achei que doeria mais, só que sei lá. Suas atitudes insistem em me mostrar que talvez você deixaria passar abatido novamente. Nos últimos três meses, tentei fazer algo especial, mas você quase nunca se lembrava e eu me perguntava se você realmente queria o relacionamento que tínhamos. Admito que por um lado, como você deve saber, o meu coração está quebrado, porém, por outro, eu sinto um alívio tão grande no peito, uma vez que eu não suportaria que mais um mês passasse sem que você realmente se importasse com esta data.


Já contei para todos os meus amigos que não entendo o motivo do nosso término, contudo, o que eu poderia fazer? Continuar me sacrificando? Continuar me entregando cada vez mais? Continuar abrindo mão do que eu realmente almejei a vida toda? Não. Eu estava cansada disso! Eu estava cansada de falar sem parar enquanto você não parava de jogar. Eu estava cansada de me esforçar para ser a minha melhor versão quando você nem sequer queria me dar atenção. Eu estava cansada de ter que ficar pisando em ovos sendo que eram as suas atitudes que doíam no meu coração. Você jogou tanto na minha cara que tinha receio de eu implicar com os seus amigos, mas não foi exatamente isso que você fez com os meus? Você insistiu tanto em dizer que eu não tinha tempo para você, mas não foi você que mal conversava comigo? Você me pediu para que eu me abrisse, mas não foi justamente você que se fechou em todas as oportunidades que tínhamos de nos aproximar? Meu bem, não havia como continuar.


Recapitulei todos os nossos últimos momentos na memória, liguei alguns pontos e descobri que pode ser que talvez tivesse que terminar ali. Sempre compreendi você, sempre quis te ouvir, sempre quis estar ao sei lado, só que estava difícil insistir sozinha. Sinto muita raiva quando paro para pensar que talvez eu tenha me doado em vão. Sinto muita raiva quando lembro que você se achava o dono da razão. Sinto muita raiva quando percebo que abaixei muito a minha cabeça, porque eu queria que você se sentisse bem comigo. No entanto, será que eu não estava fazendo demais? Perceba tudo que aconteceu desde que terminamos! Do nada, você decidiu me excluir da sua vida sem ao menos pensar na ferida que iria abrir em mim. Do nada, todos que te conhecem começaram a me bloquear como se eu fosse qualquer vagabunda que você conheceu aleatoriamente. Do nada, comecei a me sentir culpada sendo que eu nunca nem sequer entendi o que aconteceu direito.


Quando li as nossas mensagens antigas, me deparei com uma outra pessoa. Comecei a compreender o porquê e por quem eu me apaixonei. Questionei onde aquele menino que me dizia que “moraríamos juntos” no décimo encontro estava. Não dá para acreditar que você e ele são (ou foram algum dia) a mesma pessoa. Parecia que eu estava vivendo em um sonho e de repente acordei com outra pessoa ao meu lado. Você já não era mais o mesmo. Mas, sabe o que realmente me dói? Saber que eu perdi a oportunidade de ter vivido intensamente algo ainda maior com aquele garoto. Por mais que eu tenha percebido que exagerei em diversos momentos e tenha me arrependido, poxa! Não consigo engolir isso. Não consigo engolir os últimos meses. Não consigo engolir o fato de que abri mão de muita coisa à toa.


Queria chorar, entretanto, nenhuma lágrima consigo derramar. Tenho até medo de estar endurecendo novamente, porque demonstrei tanto as minhas vulnerabilidades. Pedi tanto para que você me ouvisse. Tentei chamar sua atenção de diversas maneiras. Neste momento, só consigo sentir uma tristeza profunda no peito. Abri mão de estar em muitos locais. Abri mão de ter estado mais com os meus amigos. Abri mão de ter sido mais eu. Apesar de achar que preciso amadurecer, não vou me cansar de dizer que eu tentei ser o melhor que eu poderia. E adivinha só? Eu consegui. Hoje, comecei a enxergar que talvez a culpa não seja inteiramente minha. De setembro para cá, você escolheu se afastar e realmente se entregar para o caos que você dizia que a sua vida está.


Não há nada que eu podia ter feito, pois você se trancou e não tinha jeito. Compreendo que todos temos barreiras, no entanto, não tinha o porquê você se esconder atrás das suas visto que eu vivia dizendo que estaria ali com você independentemente de qualquer coisa. Às vezes é difícil aceitar, mas você não me pediu para te ajudar. Eu fiz mais do que eu deveria. Eu busquei demonstrar que te chamava inúmeras vezes. Eu lutei por você até o último instante. Mas, será mesmo que você queria bater no peito e dizer que se orgulhava de me ter ao seu lado? Ou era só para não ficar solitário? Sei que não conseguimos lidar com muitas coisas e por isso, pergunto-me se você estava sofrendo e só não me queria por perto.


Todavia, eu também estava. Cada vez que eu tentava segurar o seu mundo, o meu desabava. Cada vez que eu te via escondendo os seus sentimentos, meu coração se quebrava aqui dentro. Cada vez que eu te ligava e você me ignorava, era como se eu levasse uma facada. Não sei se você está tão inserido na sua bolha ao ponto de não perceber que eu também carrego meus fardos, meus gatilhos e meus traumas. Nunca escondi nada de você e até pergunto-me se foi por isso que você se foi. Muitas são as memórias que me perturbam agora, mas será que eu realmente não me entreguei de cabeça? Será que eu realmente não conseguia te dizer o quanto apaixonada por você eu estava? Será que os meus erros me deixaram cega? Acredito que não. 


Por fim, já repeti a mesma história tantas vezes para os meus amigos que me sinto esgotada. Minha mente continua uma loucura. Meu coração ainda insiste em te ligar enquanto meu cérebro já está cansado de me torturar. De setembro para cá, outra pessoa você se tornou e eu não tinha controle sobre isso. Penso que a minha parte, eu fiz, mas não tinha como maquiar um final feliz para nós dois. Mesmo que eu carregue uma vontade absurda de voltar, não vou deixar de me cuidar de todos os danos dos últimos tempos. Pensei demais em você, meu bem. Pensei demais em te manter aqui. Pensei demais em como poderíamos ser aqueles casais de comédias românticas. No entanto, está na hora de eu me cuidar, porque cansei de abrir mão do que eu quero e do que eu gosto por conta das outras pessoas.


É muito fácil virar as costas para mim na primeira oportunidade e talvez esteja tudo bem. Ainda sei todos os seus gostos, todos os seus lugares favoritos e todas as coisas que você tende a gostar ou não. Entretanto, sei que mereço mais e isso é uma coisa na qual vou aprender a lidar, porém, por enquanto, vou continuar a caminhar até achar um rumo no qual eu queira tomar. Ainda estou muito perdida, confusa e abalada, mas eu vou me recuperar. Além disso, sendo bem sincera, acredito que esta vai ser a última carta que vou te escrever. Assim como você insiste em me esquecer e da minha vida desaparecer, preciso entender que talvez a pessoa certa não seja você. Não sei. Não tenho nenhuma resposta agora. Não quero pensar nisso mais. Então, decidi parar de me torturar com todas as possibilidades que nós poderíamos ter, porque foi você quem decidiu terminar e não há nada que eu possa mudar a não ser o que restou por aqui. O tempo será meu melhor amigo a partir de agora, porque vou viver a minha vida e seja o que Deus e o Universo quiserem.


É isso.

(por enquanto ou para sempre, ainda não sei.).


Com muito amor e muito carinho,

Emilly Emanuelle Guidi Ribeiro.

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