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Doux souvenirs.

20 de outubro de 2022

Ouça essa música enquanto lê caso você queira e decida entender o que senti por você. 


Caro D,

Eu sinceramente não pensei que ouvir a sua voz e te ver após quatro meses mexeria tanto comigo como ontem. Não sei se você percebeu, porém eu desviava o olhar justamente porque tudo que (não) aconteceu ainda mexe muito comigo. Não sou de ficar falando muito sobre tudo os meus meses na França, contudo é impossível não citar o seu nome (ou codinome) quando converso com as pessoas e elas me perguntam do que sinto mais falta. É muito difícil de acreditar que os meses passaram voando e eu infelizmente não tive a oportunidade de aproveitá-los com você. Eu me sinto patética ao dizer que sinto que não foi o final, porque tenho isto dentro de mim e fico tentando entender o que me conduz a pensar que eu irei voltar mais breve do que eu, você ou qualquer outra pessoa imagina. Você sabe que eu adoro o meu país, porém sinto que o que é meu não está aqui. Será que estou começando a ficar louca?

Como você pode perceber, esta é mais uma carta que te escrevo e que nunca vou entregar. Então, como não podemos perder o hábito, eu gostaria de dizer que pain au chocolat é a maior chacota, você aceitando ou não. É simplesmente uma massa com gotas de chocolate e não vejo nada de diferente, inovador ou gostoso nisso (já consigo imaginar suas caretas e reviradas de olho). Quando você fez isso ontem, lembrei dos nossos dias em Lille e do quanto eu gostava de falar certas coisas só para ouvir as suas reclamações. Eu sinto tanta falta disso. Também sinto por ter sido tão cega ao ponto de não perceber a oportunidade incrível que estava tendo. No entanto, é como as pessoas aqui no Brasil costumam dizer: a gente só dá valor depois que perde e isto é extremamente frustrante, sabia?

Bom, antes que eu esqueça de comentar, ainda quero muito retornar para poder conhecer um pouco mais da França. Tenho a sensação que tudo tem o seu momento e o nosso pode estar chegando conforme os dias vão passando. Às vezes me pego pensando se eu realmente corro atrás das coisas e se estou no caminho certo, porque eu sinto que estou e que por mais que o tempo demore a passar, eu conseguirei tudo aquilo que almejo e desejo. Minha maior preocuopação é conseguir um bom emprego e uma estabilidade financeira e por conta disto, carrego dentro de mim os sentimentos de que estou deixando de aproveitar a minha vida.

Todas as vezes que vejo um vinho rosé, lembro do nosso primeiro encontro e do quanto aquilo significou para mim. Aquele, com certeza, foi um dos melhores encontros que eu já tive na minha vida. Não consegui acreditar quando notei que tínhamos ficado cerca de sete horas diretas conversando sobre assuntos aleatórios apesar das diferenças culturais e das questões linguísticas. Era como se eu entendesse você independentemente de qualquer coisa. Eu estava tão envolvida com tudo. Tudo aquilo me encantava. As taças de vinho que bebemos. Os assuntos que não terminavam. O seu sotaque juntamente com a sua mania de puxar o "r". A luz batendo levemente no seu rosto. Nossas torradas com queijo e mel. O moço te pedindo licença para passar toda hora. O cachorro entrando enquanto você o olhava fascinado.

Não me canso de reviver dentro da minha cabeça todas as doces lembranças que compartilhamos. Eu tenho várias favoritas e que vivem me visitando de vez em quando. Um dia vou escrever sobre isso, inclusive. Tudo foi muito especial para mim e eu espero muito que possamos ter a possibilidade de reviver tudo de novo e de, até mesmo, fazer diferente. Acredito que nunca te disse, entretanto eu amava (e continuo amando) te ouvir falar (mesmo quando você reclamava que eu só falava de mim). Queria muito que tivéssemos a oportunidade de nos vermos novamente, porque eu sinto que seria muito importante para mim. Você ainda mexe muito comigo e eu realmente sinto que não foi o fim.


J'ai encore beaucoup à écrire sur toi. Crois-moi.


Com muito amor e muito carinho,

Emilly Emanuelle Guidi Ribeiro

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