O olhar.

Jogada na sala da casa. Ela parecia morta e sem esperanças na vida. Os cabelos estavam jogados de lado. Os olhos fechados. A respiração estava tranquila. Em volta, havia pedaços rasgados de papel. 
"Você não vai conseguir me esquecer". Essas palavras perturbavam sua mente sem nenhuma dó sequer. A dor era evidente. Seus olhos se abriram e ela viu tudo se passar diante deles. Três anos. Três anos jogados pelo ralo só por uma besteira. Ela não tinha controle sobre seu corpo, muito menos sobre seus pensamentos. Seu corpo doía por toda parte. A cabeça estava a mil. As costas ardiam como fogo. As pernas pareciam não querer se mover. Os ombros estavam dolorosos. A gravidade parecia estar lhe puxando mais intensamente que o normal.
Ela se levantou. Se dirigiu até a velha janela da casa. Olhou para fora e viu que o dia estava mais chuvoso que o normal. As nuvens cobriam todo o céu. Cinza era a única cor que se via através daquela velha janela. O seu olhar não era o mesmo. O mundo não tinha mais vida. A vida não tinha mais sentido. O sentido não existia mais. Foi quando ela olhou novamente para a janela e lá estava ele. Aquele olhar familiar. Aquele olhar triste que ela já conhecia. Aquele olhar que ela estava acostumada a ver todos os dias. Aquele olhar que ela era apaixonada. E em instantes, ele desapareceu.
Será esse o fim?

Emilly Guidi.