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Sobre o amor que (infelizmente não) vivi.

29 de julho de 2022


Ouça essa música enquanto lê caso você queira e decida entender o que senti por você. 


Ontem lembrei de você, falei de você, sofri por você. Na verdade, não sofri por você, mas sim por lembrar de tudo aquilo que (não) vivemos. Tivemos poucos meses, sabíamos disso e tudo foi tão rápido. Quando nos demos conta, eu embarcava em uma semana e não poderíamos mais tentar nada. Entendo que a culpa foi minha durante o primeiro mês, no entanto eu não poderia fazer diferente. Você me disse que eu não demonstrava interesse por você e eu sei disso. Não é que eu não estava interessada, eu só estava com medo de me apaixonar de novo e acabar percebendo que foi a hora errada. Contudo, existe a hora certa ou as coisa simplesmente acontecem sem perceber? Não seriam essas as relações mais genuínas e verdadeiras que construímos com alguém? Eu me faço inúmeras perguntas diariamente e acredito que isso aconteça, porque procuro uma justificativa que console tudo o que aconteceu.

É uma coisa muito doida, porque é difícil saber a semana que passa e que não me carrego comigo o arrependimento de ter te deixado sozinho naquela noite e de não ter expressado o quanto eu gostava de você. Quando você me escreveu dizendo que estava chorando após eu partir, aquilo quebrou o meu coração e acabou com qualquer coisa boa dentro de mim. Eu não poderia continuar te machucando por conta de uma indecisão minha. Eu não poderia te ver daquele jeito sabendo que eu era a causa. Eu não poderia me entregar para você sendo que eu jamais conseguiria ser cem por cento de mim mesma. Você despertava em mim coisas fantásticas, me fazia me sentir confortável e me conquistava a cada palavra dita em espanhol, mas no momento da dúvida e da falta de comunicação entre nós, acabei decidindo seguir em frente já que eu não tinha tanto tempo. Tempo. Essa é a palavra maldita que define aquilo que eu considero mais precioso e mais enigmático nesta vida. Por que fizemos as escolhas que fizemos sabendo que nossos orgulhos não nos levariam a lugar nenhum? Por que perdemos tanto tempo separados mesmo sabendo que existia algo entre nós? Por que só entendemos isso depois de um período de tempo e não quando ainda podíamos ter vivido algo? Estou totalmente frustrada e não é de hoje.

Entreguei para você uma carta que não dizia nem dez por dentro daquilo que senti e continuo sentindo. Não conseguia escrever. Não conseguia transmitir tudo aquilo que eu queria. Malditos sejam aqueles que me machucaram antes de você e me fizeram ter esse bloqueio! Não sei se continuo culpando-os ou se procuro mudar todos os comportamentos que me incomodam em mim. Por conta das sequelas deixadas pelo passado, não consegui me entregar na forma que eu queria e de dizer “poxa, eu gosto tanto de você”. As palavras não saiam pela boca e nem no papel. Entretanto, elas estão saindo agora com várias lágrimas pelo meu rosto. Eu ainda me lembro de todos os detalhes e tenho medo de esquecê-los algum dia. 

O nosso primeiro encontro foi algo completamente incrível para mim e eu jamais vou esquecer das piadas idiotas que fizemos. Infelizmente não ouvi o seu pedido final antes de nos despedirmos naquela noite fria. Talvez eu devesse ter ficado um pouco mais. No nosso segundo, você reclamando do shopping foi extremamente cômico, porém o melhor foi você dizendo que tinha seu moletom há anos. No nosso terceiro… apesar de ter sido um total desastre, a cena do capuz sempre vai ser algo que carregarei comigo, querido D. Foi naquele momento que eu queria que o mundo parasse enquanto eu admirava cada detalhe do seu rosto. Foi naquele momento que eu senti uma vontade absurda de te beijar e dizer que você era o falso canadense socialista mais maravilhoso que eu já tinha conhecido. Foi naquele momento que eu entendi que eu estava começando a me apaixonar perdidamente por você. Por isso e diante de tudo aquilo que vivemos e deixamos de viver em tão pouco tempo, despedir de você na République Beaux Arts foi a coisa mais dolorosa que já fiz. Eu tive e continuo tendo medo de nunca mais te ver e de ter perdido uma oportunidade única que a vida me deu.

Lógico que a minha vontade é entrar no primeiro avião que eu conseguir, voltar para Lille correndo e descer ao seu encontro na Rihour, contudo, além de inconsequente, eu entendo que tal atitude engloba muito mais coisas do que sou capaz de mensurar. Quero muito voltar e eu te disse isso. Inclusive, um outro medo que tenho é justamente este: nunca mais voltar e ver você de novo. Sei que estaremos em momentos diferentes da vida caso a gente se esbarre de novo algum dia, contudo não sei se algo como o que estou sentindo é capaz de ser tão passageiro e efêmero. Nós dizemos que não seria a última vez que nos veríamos e eu sinceramente acredito (e não vou me cansar de acreditar) que estávamos certos. Você normalmente dizia que eu era muito intensa, no entanto, no fundo, você sabe o quanto mexeu comigo e o quanto poderia ter sido diferente. São tantos “se” que acabo me perdendo, porque são inúmeras memórias que passam pela minha cabeça e que me deixam confusa. Eu gostaria de registrar tudo no papel, mas isso não é algo que eu controlo. A inspiração vem e sai aquilo que faz sentido no momento em que escrevo.

Inclusive, queria dizer que 14 de julho nunca mais será um dia comum e o último foi bastante doloroso. Mesmo com todas as diferenças culturais e, até mesmo, de perspectiva, vou torcer para que o pouco que vivemos também tenha significado algo para você. Nunca conversamos diretamente sobre isso e sobre outros diversos assuntos que eu queria ouvir você falar um pouco mais. Sou muito grata por você ter compartilhado comigo alguns segredos e saiba que eles estarão seguros aqui comigo. Tudo aquilo juntamente com os momentos que vivemos realmente significou muito ao ponto de eu não conseguir te esquecer e reviver tudo aquilo aqui dentro. Saiba que jamais vou esquecer o sol batendo no seu rosto na manhã de domingo, o seu sorriso de lado espontâneo, o seu amor por cachorros, os seus talentos culinários, o jantar ao som de “The Devil” onde você dizia que a música me representava e o brilho dos seus olhos quando você falava do Peru e de política. Eu sinto falta disso, D.

Espero que você nunca deixe de ser quem é, porque foi exatamente isso que me conquistou no nosso primeiro encontro e que continua mexendo comigo até hoje. Além disso, vou torcer para que Deus e o Universo saibam o que estão fazendo não apenas em relação à minha vida, mas também sobre os motivos pelos quais você apareceu na minha vida. Não acredito que nada é em vão nesta vida e mesmo que para você seja diferente, eu sinto algo que é inexplicável quando o assunto é você. Como pode alguém mexer comigo dessa forma em tão pouco tempo? Como pode algo ser tão intenso desse jeito para mim? Por que tudo isso aconteceu exatamente dessa forma? Foram decisões erradas? Foi o destino pregando uma peça? Ainda é muito difícil de compreender a totalidade e acredito que as respostas virão com o tempo.

Bom, essa é a verdadeira carta que eu queria ter te escrito, contudo a inspiração para ela veio meio tarde, não é mesmo? Não sei se ela será a única que irei escrever ou se será o único fruto daquilo que (infelizmente não) vivemos. Pois bem, isso só o tempo e os meus sentimentos dirão, querido D.


Com muito amor e muito carinho,

Emilly Emanuelle Guidi Ribeiro

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