Nunca gostei de despedidas. Nunca gostei da sensação de ter alguém indo embora. Nunca gostei da ideia de ter que me separar de alguém, principalmente se aquela pessoa me fazia bem. Dizer “tchau” normalmente têm muitos significados, alguns positivos e outros negativos. Dizer “adeus” corrói a minha alma, porque a palavra já carrega com si um significado forte. Você sabe que nunca mais vai ver aquela pessoa, você sabe que nunca mais vai ter momentos e nem poder criar lembranças com ela. Desistir de alguém nunca foi uma opção que eu cogitei em toda minha vida, porque carrego comigo o pensamento de que as pessoas carregam uma razão e uma história que nem sempre conseguimos compreender com tanta clareza. Todo mundo tem suas fraquezas, seus pontos fracos, seus momentos bons, seus momentos ruins, seus defeitos e suas virtudes. Durante muito tempo, eu fui aquela pessoa que me dedicava demais mesmo sabendo que aquela relação não duraria muito. Isso tudo aconteceu, porque uma vez me falaram que mesmo, que temporariamente, nós temos que tentar deixar uma marca boa na vida das pessoas e não uma ruim. Pessoas ruins vem e vão, deixam sequelas, dores e causam um desequilíbrio enorme, entretanto pessoas boas conseguem nos curar de uma forma e nos fazer perceber certas coisas que não valorizávamos antes.
A minha curiosidade consegue ter seus pontos fortes e seus pontos fracos, gosto de saber sobre tudo no mundo e sobre o propósito das coisas. Normalmente quando uma criança está com seus quatro anos, ela começa a perguntar o porquê de tudo e muitas pessoas não têm paciência para ouvir e muito menos para responder. Eu era uma criança que queria saber e desvendar todos os mistérios, tenho vinte e um anos hoje e continuo tendo essa criança dentro de mim. Todas as vezes que vejo uma criança fazendo inúmeras perguntas, eu gosto de responde-las da melhor maneira possível e despertar ainda mais esse desejo pelas perguntas que nem sempre tem resposta. O lado forte disso tudo é que respostas comuns e superficiais não saciam a minha curiosidade, eu gosto de sentir as coisas que não são ditas, interpretar as palavras não escritas e compreender aquilo que não pode ser sentido. Isso me fez notar que a gente sempre se preocupa com outro e que isso pode ser uma vantagem, porque podemos passar a ter um olhar mais sensível para algo, oferecendo um abraço amigo sincero que tem estado tanto em falta.
O lado fraco está associado para aquelas perguntas que normalmente você não está pronto para saber a resposta, se é que tem uma resposta. Às vezes a minha curiosidade é tanta que eu não consigo deixar uma coisa de lado e quando eu descubro, eu prefiro não ter descoberto. Certos traumas teriam sido evitados em certas feridas teriam sido evitadas de serem abertas. Já percebi muito inclusive que muitas pessoas preferem esconder do que dizer, do que sentir, do que viver. Porém, não as culpo por isso. Todo mundo apresenta um jeito de pensar, de sentir, de agir e de ser. Não cabe a mim ou a você julgar qual “o melhor” jeito. Não cabe a mim ou a você julgar alguém. Não cabe a mim ou a você impor nada. Contudo, cabe a mim e a você compreender e se colocar no lugar do outro, porque determinadas coisas nós nunca vamos viver parar sentir de maneira exata o impacto.
Anos se passaram
desde que eu fosse capaz de enxergar que todas as pessoas partiram tiveram
motivo para isso e a falta que elas faziam nem sempre era presente. Fui me
acostumando a dizer “adeus” sem usar as palavras, a me despedir sem o contato
físico e a cortar ciclos sem que o outro percebesse. Não nego que algumas vezes
foram dolorosas e quando eu era primeira sentir, essa dor costumava passar de
uma maneira rápida e de um jeito que eu nem percebia.
Existem dois tipos
de pessoas: aquelas que sentem a partida primeiro, na hora e nos dias seguintes
e aquelas que sentem depois, com o passar dos dias, após muito tempo. Eu
costumava ser o primeiro tipo de pessoa e não sei quando mudei, a partida das
pessoas era algo que doía muito e que me corrompia de um jeito ao ponto de eu
me torturar com pensamentos que me condenavam mais do que qualquer juiz. Hoje
consigo dizer que até sinto falta de algumas pessoas, entretanto isso não quer
dizer que eu quero essas pessoas de volta na minha vida. Passei a acreditar que
pessoas são passageiras e que uma hora elas terão que pegar um trem que as
levará para a próxima estação e que você não vai ter controle sobre isso,
porque a caminhos precisam ser seguidos para que histórias sejam construídas.
Você não pode acreditar nas minhas palavras hoje e eu também não estou dizendo
que eu estou certa, mas acredito que as minhas palavras fazem sentido pelo
menos agora, no momento em que escrevo esse texto. Ninguém tem uma resposta
absoluta, nós temos respostas que também são temporárias e que mudam ao longo
do tempo com as nossas experiências. Toda hipótese corre o risco de ser
refutado para que assim a gente possa produzir conhecimento e chegar perto do
que chamamos de realidade.
Dizer adeus para
você foi uma coisa que doeu e que eu empurrei com a barriga enquanto eu pude,
porque eu particularmente tenho uma dificuldade de me desapegar de certas
memórias. Inclusive a minha segunda saga favorita envolve a história de um
personagem que me fez entender o peso que memórias podem causar, porém não ter
como construí-las é pior do que tê-las. Pessoas que marcaram a minha vida de
uma maneira positiva, mas que foram embora de uma maneira dolorosa irão
continuar tendo um lugar especial guardado em algum lugar dentro de mim. Não
digo que é no coração, porque esse lugar pertence a aqueles que aqui estão. A
escolha de partir normalmente é tomada por mim e não adianta haver resistência
quando não há como voltar. As suas chances foram dadas e você que não quis
aproveitar. O meu lugar já não era mais aqui e uma vez eu ouvi alguém dizer que
quando temos dúvidas sobre onde deveríamos estar, é porque está na hora de
mudar. Certos lugares não são para nós, certos lugares nunca foram nossos e
certos lugares já não nos cabem mais e quando a dúvida bateu, era porque eu e
você já tinha dado no que deu e ninguém percebeu.
Escrito por: Emilly Guidi.
<3
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